quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Maldito hino

Sala de audiências. Sentado, ao meu lado, o réu preso (gente fina, mas fala demais). Eu, com meu vestidinho verde de menininha, um dos poucos inocentes daquela sala, digitando feito uma louca. De repente, um telefone toca. Alto. Muito alto. Dedos paralisados, ergui os olhos a tempo de ver o policial da escolta agoniado para retirar aquele aparelhinho de dentro dos milhares de bolsos do seu colete. E aquela musiquinha insistente rolando, rolando... Seria um episódio bem comum, acreditem, se não fosse pela tal música. Minha única reação ao vê-lo sair da sala para atender o celular foi olhar para seu colega que estava ao lado e, fazendo aquele gesto típico de escárnio com os dedos juntos, soprar para ele: - putz, flamengo?!
Não tenho mesmo noção do perigo.

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