Não torcer, eis a questão.

Nasci em plena Copa do Mundo de 86. Êpa, podem parar de fazer as continhas, ok? Mãe disse que enquanto estava lá na maternidade, depois do parto, só se ouvia falar em futebol. E enquanto tudo que a pequenina aqui queria era dormir, lá fora todos só queriam fazer uma tremenda algazarra, soltando fogos estrondosos, torcendo pelo Brasil. Talvez por isso eu tenha criado uma certa antipatia (não, é melhor dizer não-predileção) pela Seleção Brasileira.

Nessa Copa, o Brasil perdeu. Ou não ganhou, tudo vai depender do ponto de vista. Coincidência? Pra falar a verdade, nunca gostei muito de torcer pra Seleção Brasileira. Não que eu seja do contra...

Na Copa de 94, eu tinha acabado de me mudar de Salvador pra Feira e, com apenas 8 anos, lembro de ter chorado feito uma condenada porque o Brasil ganhou a Copa. E não foi choro de felicidade não... Enquanto a casa desabava em gritos de euforia, eu fiquei ali, encolhida no cantinho da sala, amaldiçoando Baggio por ter perdido aquele pênalti.

Em 2002 e 2006, também não torci a favor do Brasil. Adoro mesmo é torcer para aquelas seleções menores, desconhecidas e que não são favoritas, tipo Gana, Turquia... Fazia até camisas pra essas seleções, e tive que aturar o pessoal da minha rua toda vez que o Brasil ganhava um joguinho.

A única vez que torci pra Seleção (torcer mesmo, pra valer) foi na Copa de 98. Ajudei os vizinhos, enfeitando a rua todinha com bandeirolas, assistia a todos os jogos confiante na vitória do Brasil (logo eu, quem diria...), e o que aconteceu? A mistura de favoritismo, imaturidade e afobação deu no que deu. Senti tanta raiva nesse dia!

Parece que sempre que torço para o Brasil, ele perde. E quando torço contra, ele ganha. Nesse último domingo, eu não estava nem aí pro jogo, apesar de ter deixado a TV ligada, e o Brasil só empatou. Hoje, na hora do jogo, provavelmente estarei em aula ou fazendo algum trabalho... Ou seja, mais uma vez, não vou estar nem aí pra esse jogo. O Brasil deve ganhar.

(D.R.)