
Albert Camus (1913-1960) amava o futebol e jogou na posição mais adequada para os escritores. Era goleiro. O goleiro, como o escritor, é um ser diferente em meio aos seus iguais. Isolado, vestindo seu uniforme particular, tem do fundo a imagem panorâmica do campo, do mundo. Como os escritores, os goleiros usam basicamente as mãos. Usam a intuição no momento de operar milagres e estão sujeitos aos frangos, equivalentes aos fracassos literários dos escribas. Tanto um, quanto outro precisam ser ágeis e observadores. Um deslize pode redundar em gol, em frase sem sentido que pode arruinar uma obra. O maior inimigo do goleiro é o atacante diante de si; o maior pesadelo do escritor é aquele que escreveu antes dele. Ambos se travestem de almas humildes mas no fundo não passam de estrangeiros que almejam a glória. Seja ela qual for: pode ser uma defesa de mão trocada ou um conto de sublime precisão. (Tom Correia)
Foto: Camus por Cartier-Bresson
7 comentários:
Tom, estava escrito que você escreveria este texto sobre o escritor, no dia do escritor... E a escolha de Camus não poderia ser melhor: honestidade, rigor, poesia, humanidade. Autor-modelo, exemplo para todos nós. Jamais vou esquecer isso: "Foi como se eu desse quatro batidas secas na porta da desgraça". O fim da primeira parte e O estrangeiro. Eu tinha dezessete anos quando li. Era isso, congratulações pelo texto, Mayrant.
Tom, grande texto! E você ainda disse que não sabia se podia garantir algo...
Só anuncia quem tem garrafa pra vender. "Di fudê", como diria o genial Nenzin de Doca. E esta semana, morreu em Ibotirama, Oré, o grande "craque" do Bahia local. Creio que escrevi sobre ele em um dos blogs anteriores. Oré lutava para acertar a bola com uma patada. Era sempre um esforço imenso, para ele, jogar. E nós acompanhávamos da lateral do campo: "Oré, Oré, Oré!!". O único jogador de futebol em Ibotirama que tinha torcida organizada e seu nome gritado aos ventos nas partidas de futebol, no areão do 14 de Agosto. Quando Oré ia na bola era como se desse patadas na porta da desgraça do seu time. Enfim, o fim. Abr. Carlos Barbosa
Oré merece um texto marcando seu passamento. Só num comentário já fiquei babando para saber outros casos oreísticos... (TC)
Esse Nenzin não foi aquele que marcou 6 gols numa partida que terminou 5 a 1?
(gargalhadas)...
É sim, o grande Nenzin, o incrível artilheiro de seis gols no clássico Ibotirama 5x1 Oliveira dos Brejinhos. Um açougueiro. Gente boa. (Carlos)
Postar um comentário